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O penúltimo dia da 38ª Semana Literária e Feira do Livro do Sesc Ponta Grossa se encerrou nesta quinta-feira (26) com uma mesa-redonda sobre “Poesia e o exercício da liberdade”. Os convidados foram os escritores Kleber Bordinhão e Ramon Ronchi, a mediação ficou por conta da escritora Gisele Barão da Silva. A noite de encerramento ocorreu na sede do Sesc Ponta Grossa, das 19h30min até às 21h e reuniu 24 pessoas.

 

O evento discutiu a importância da literatura no alcance da liberdade por meio das palavras e emancipação pessoal presente na trajetória dos dois autores. Além disso, discutiu sobre a importância da literatura como válvula de escape em um ambiente de pressão e ansiedade entre jovens estudantes. Ronchi declara que por meio de sua experiência como professor em sala da aula, presenciou alunos se voltarem para a literatura como fuga do cotidiano de estudos e tarefas escolares.

No que diz respeito à liberdade de escrita, os autores discutiram sobre obras literárias que sofrem algum tipo de censura. A principal obra em discussão foi “Um útero é do tamanho de um punho”, da autora Angélica Freitas. A obra foi alvo de repúdio pelo deputado Jessé Lopes (PSL), de Santa Catarina, após ser indicada como leitura obrigatória para a prova de vestibular de 2020 da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Os argumentos contra a obra alegam que os poemas fazem referência à elementos cristãos, aos órgãos reprodutores masculino e feminino, e são motivo de vergonha. Segundo Bordinhão, o livro é alvo de polêmicas no cenário atual brasileiro pelo momento de alto repúdio ao feminino que o país sofre.

Nesse contexto, os principais desafios em criar poesia no cenário político do Brasil atual também entrou na conversa. Para Ronchi, pensar em escrever sobre o Brasil de hoje é pensar no impacto que a obra vai causar entre os leitores. “É um prato cheio, está escancarado por aí, mas se deve ter cuidado, porque saem muitos poemas na emoção”, declara o autor. O poeta complementa afirmando que “a literatura é uma ferramenta para discutir assuntos que não estão em livros didáticos ou em capas de jornais”.

Os autores encerraram a noite com a leitura de um poema autoral. Ronchi declamou a obra “A cadela do fascismo está parindo”, presente em sua coletânea de poemas “Forte Apache”, publicada em 2019. Bordinhão encerrou com o poema “Pecados essenciais”, da obra “Carta aos Cortes”, publicada em 2018.

Fotos: Rafael Bahls

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