A Câmara Municipal de Ponta Grossa recebeu na última quinta-feira (21), uma Audiência Pública para debater sobre a qualidade do transporte coletivo na cidade e questões referentes as tarifas e o contrato com a empresa vigente. O encontrou reuniu vereadores, deputados, representantes de sindicatos e instituições, líderes de bairros e movimentos estudantis. Cada participante teve três minutos de fala para expor situações e questionamentos.
A Audiência foi promovida pelo vereador George de Oliveira (PMN) e a principal motivação foi a revolta da população. “Mais de 80% dos usuários do sistema de transporte coletivo não estão satisfeitos com o preço da passagem e nem com a qualidade dos ônibus e dos terminais”, aponta.
Um problema recorrente citado pelos moradores foi a alteração dos horários e itinerários dos ônibus. O morador do bairro São Francisco, José da Luz, compareceu à audiência pública para expor as barreiras com o transporte coletivo na sua comunidade com a esperança de que alguma medida seja tomada. “O ônibus do São Francisco, na verdade, nem passa por dentro da nossa vila. Ele passa por fora. Tem pessoas que fazem 16 quadras a pé para chegar em casa”, indigna-se.
José Ferreira também é morador do São Francisco e aponta a falta de respeito com a comunidade. Ferreira lança um desafio para que as autoridades peguem os ônibus para verem o sofrimento de cada um, principalmente de idosos e crianças.
O Presidente do Instituto Urbi, João Luiz Stefaniak, crítica a postura do atual Conselho de Transporte pela ausência de documentação por parte da Viação Campos Gerais (VCG). “Documentos que não foram apresentados e que eram obrigatórios por lei, como a contabilidade da empresa e concessionária, notas e aquisições, comprimento do índice de qualidade. Mesmo sem apresentar os documentos, o conselho deliberou pelo aumento da passagem”. Aponta.
O advogado Leandro Santos Dias e integrante do PSOL relembrou: “Quantas vezes temos que implorar para assistir uma reunião do Conselho. Enquanto eles fecham a porta e querem definir o destino da maioria da população de Ponta Grossa em uma sala com ar condicionado”, afirma.
Rodrigo Dobzinski é da Associação dos Moradores do Parque do Café e relatou a situação e as dificuldades do seu bairro, como as mudanças de horários sem avisos prévios para a população. O morador frisou que mudou o trajeto do ônibus, demorando cerca de 25 minutos a mais.
O Deputado Federal Aliel Machado (PSB), protocolou uma ação contra o aumento da passagem e a justiça proibiu o aumento da tarifa. Segundo o Aliel, “o principal questionamento é que nós não temos transparência que determina a legislação federal, que trata a mobilidade urbana, o que determina a lei municipal 7.018 que rege o transporte coletivo, o que determina o contrato de concessão não é cumprido. Temos inúmeros questionamentos. ”, relata.
No ano de 2018, o Tribunal de Contas do Estado, através de uma fiscalização pioneira do estado, trouxe para Ponta Grossa, fiscais para entrevistar usuários do transporte coletivos, conhecer a realidade dos ônibus e dos bairros. Relembra Aliel. “Esses fiscais comprovaram tecnicamente as demandas”, enfatiza.
Cinco vereadores compareceram à audiência. Entre eles, Zampieri (PSL), Dr. Magno (PDT), Felipe Passos (PSDB), Kalinoski (PSDB) e Geroge (PMN).
Entre os principais tópicos apontados pelo vereador Dr. Magno (PDT), estavam a acessibilidade no transporte e a vida útil nos ônibus. O vereador Zampieri (PSL) destacou a ausência de fiscalização no transporte coletivo e também a supressão das linhas. Lamentou que o projeto de aumento da tarifa de ônibus não passa mais pela câmara e finalizou apontando a baixa qualidade do serviço.
Fotos: Letícia Dovhy