O projeto de extensão “Tela Alternativa” abriu a programação de 2018 com o filme "Mary e Max: uma Amizade Diferente". O tema desta edição do projeto da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que tem parceria da Fundação Municipal da Cultura, é “Sensibilidade com o olhar crítico”.
A supervisora do Tela e professora de Bioquímica, Mariza Boscacci Marques, afirma que a escolha dos filmes é complicada. “Quando escolhemos um tema, a primeira coisa que a gente faz é se reunir e escolher os filmes, quem gosta de cinema, baixa 300 filmes para apresentar no projeto”, conta Marques. A equipe conta com seis pessoas e 18 filmes foram escolhidos para projeção durante todo o ano de 2018. “Das junções que nós fizemos a única coisa que cabia era sensibilidade com o olhar crítico, todos, de uma forma ou de outra são filmes que exalam sensibilidade e alguns tem uma pegada mais crítica”, completa a professora.
Apesar da baixa adesão do público, depois da sessão o espaço é aberto para debate. Para Marques, o objetivo não é atingir todo mundo. “Mexer com arte é muito complicado nesse aspecto”, relata a professora, “Quem vem é quem tem curiosidade, quem gosta um pouco e quem gosta muito”. A diferença do projeto é que os filmes não seguem padrões da indústria cinematográfica, o estudante Felipe Dutra, 29, comenta que fugir desses padrões é interessante. “Produções alternativas parecem criar no espectador uma maior empatia com a história e com os personagens como se gerasse uma reflexão maior”, afirma Dutra.
O filme projetado na última terça-feira, 28, que abriu a edição de 2018 teve como tema uma amizade que se deu via envio de cartas, os protagonistas moravam em países diferentes e abordaram as dificuldades da vida. “Ele é extremamente contundente, realmente uma obra porque ele trabalha toda uma parte de assassinato, suicídio, alcoolismo, alteração comportamental, então tem uma sensibilidade que transborda”, discorre Marques.
A professora Silvana Ohse conta que o filme é amplo e atual. “São temas presentes na nossa vida, principalmente os complexos, você se sentir diferente, feio, rejeitado. Eu acho que são sentimentos muito mais presentes na vida do ser humano do que a gente imagina, porque a gente não se olha mais, a gente não se percebe mais”, desabafa Ohse. Para Felipe Dutra, o filme é importante para a reflexão. “Por ter foco na personalidade, nas angústias e nos problemas diários enfrentados pelos protagonistas, o filme permanece atual em termos de crítica à nossa sociedade”, expressa Dutra.
A próxima sessão gratuita acontece na terça-feira, 3 de abril, às 19h30, na Sala B, do Cine-Teatro Ópera. O filme do dia é o longa “De Profundis” (Espanha/Portugal, 2007).
Fotos: Allyson dos Santos, Hygor Leonardo e Thailan de Pauli