Sindicato dos Servidores Públicos e merendeiras alertam para perda de qualidade e falta de transparência

A Câmara de Ponta Grossa aprovou, em duas votações, uma versão modificada do Projeto de Lei nº 301/2025, que prevê a terceirização da merenda escolar municipal. A proposta estabelece a compra mínima de alimentos diretamente da agricultura familiar e sugere que o salário das merendeiras seja preservado.
Por meio de uma emenda, os vereadores Geraldo Stocco (PV) e Guilherme Mazer (PT) tentaram impedir a terceirização dos serviços de alimentação, administração e ensino nas escolas municipais. Mas um substitutivo geral, apresentado por outros parlamentares, mudou a proposta. Agora, a terceirização da merenda escolar continua permitida, mas ficou garantido que cozinheiros e ajudantes de cozinha não terão redução salarial. Além disso, o projeto determina que pelo menos 30% dos recursos destinados à alimentação escolar sejam obrigatoriamente usados na compra de produtos da agricultura familiar.
A merendeira da escola municipal Amadeu Puppi, Tânia Aparecida, manifestou preocupação com a mudança. Segundo ela, a terceirização compromete a qualidade da alimentação oferecida aos alunos. “Não temos segurança sobre como os alimentos serão fornecidos, quem será responsável pelo controle de qualidade e como os insumos serão manejados. A única certeza que temos é de que isso não vai dar certo”, afirmou, ao alertar que os impactos da medida poderão ser percebidos em poucos meses.
Eliel Padilha Ferreira, dirigente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ponta Grossa, também criticou a iniciativa da Prefeitura. Ele afirma que o primeiro edital apresentado não foi transparente e foi derrubado após pressão dos servidores. Segundo ele, audiências públicas e manifestações com a participação de centenas de pais e trabalhadores foram realizadas para demonstrar a insatisfação da comunidade ao projeto. O sindicalista destacou que não há reclamações em relação ao sistema de merenda atual, sob a responsabilidade de servidores concursados. O trabalho é reconhecido pela qualidade dos serviços prestados aos alunos. Então, por isso, ele questiona o motivo de se alterar o serviço que, em sua avaliação, “já funciona bem”.
Texto: João Fogaça
Revisor: João Bobato
Supervisor: Carlos Alberto de Souza
Fotos: João Fogaça (01-04)




