8 de março é conhecido por ser o dia internacional da mulher. Comemora-se essa data para lembrar de quando operárias nova iorquinas, em 1857, fizeram uma greve para reivindicar melhores condições de trabalho e igualdade ao receber seus salários. Em resposta das indústrias, a fábrica foi incendiada enquanto as trabalhadoras ainda estavam lá.
A data reflete sobre as lutas das mulheres pelas conquistas de igualdade social, econômica e política perante suas comunidades. Segundo dados do relatório da Global Gender Gap Report 2017, entre os 144 países participantes, o Brasil caiu para a 90° posição no ranking de igualdade entre homens e mulheres, ficando atrás da Argentina (33º), Colômbia (36º), Peru (48º), Uruguai (56º), Chile (63º) e México (81º). Em 2015 o Brasil estava na 85° posição.
Essa data também relembra uma conquista feminina na história do Brasil. A Lei Maria da Penha, aprovada em 7 de agosto de 2006, forneceu apoio às mulheres e representou um avanço social pelos seus direitos. Além disso, com a formação de grupos de ativismo em defesa delas, nos últimos anos, a visibilidade feminina tornou-se mais forte e o apelo à igualdade mais intenso.
Por isso, em homenagem ao dia delas, o especial preparado contou com a escolha de quatro mulheres, com diferentes representatividades, para serem fotografadas. O ensaio buscou a particularidade de cada uma delas que, no final, somaram em um único universo de mulheres fortes e guerreiras.
Silvana, motorista há 22 anos, relata as experiências que já teve na estrada com o caminhão e os olhares de inferiorização recebidos por estar no ofício e ser mulher, “Eu sempre tive muita paixão pelo o que eu faço. E sempre tive pessoas que me ajudaram nos momentos de dificuldade. O preconceito, ele existe, sabe? Mas vai do valor que damos pra ele”, expressa.
Silvana, há um ano lutava contra o câncer. No dia de hoje, não consegue conter a emoção ao lembrar da longa caminhada que venceu. “Há um ano, eu estava careca. Esse é um exemplo pra mostrar que o câncer, muitas vezes, não mata. Ele se alimenta da tristeza. Nunca, nunca deixem de sorrir”, comove-se Silvana.
A barbeira, Mayra Bodin, trabalhava em um salão de beleza quando foi convidada a mudar de ofício. Bodin comenta que não sofreu preconceito, “sempre fui tratada com muito respeito, acho que por eu ter esse meu jeito diferente”, comenta.
A cozinheira, Maria Luci dos Santos Alves, aos 14 anos, precisou ir embora do seu estado, Nordeste, para trabalhar em São Paulo, numa casa de família. Foi na capital que cultivou amizades e conheceu o marido, Geraldo Alves, com quem compartilhou a vida por 25 anos e teve dois filhos. Há 3 anos Luci ficou viúva e, ao nos contar sua história, emocionou-se, “bateu uma saudade”, disse Maria Luci.
Assim como Maria Luci, a dona de casa Dercila de Aparecida Cordeiro saiu de casa aos 12 anos para vir estudar em Ponta Grossa e morar com os tios. Aos 14 anos, dona Cila (como é conhecida), conheceu seu atual marido, Leonilto Cordeiro, e aos 15 casou-se. Para conseguir cuidar dos 6 filhos, Dercila não trabalhou fora. Seu marido, metalúrgico, fazia muitas horas extras para sustentar a família. “Eu ficava sozinha com eles, pois meu marido trabalhava das 6 às 22 horas”, recorda.
A hair stylist, Priscilla Santana, que produziu as 4 mulheres para as fotos, contou que “esse projeto foi importante para valorizar a imagem de cada uma delas”. Priscilla, ainda acrescentou que, cada uma das modelos possui a sua individualidade e que este ensaio fotográfico permitiu que se sentissem ainda mais especiais.
Fotos: Leticia Dovhy, Marina Santos e Gabriela Gambassi