Os alunos do curso de corte de cabelo promovido pelo Serviço de Obras Sociais (SOS) chegam às 13h para aprender e atender a comunidade. O instrutor Altair Mackievicz trabalha como cabeleireiro há 18 anos e atualmente leciona na SOS para substituir outra professora. “Essa é a terceira escola que eu leciono”, conta o instrutor. O serviço é voluntário e o curso é gratuito com duração de um ano. “Eles [os alunos] chegam praticamente não sabendo nem colocar o pente na máquina, nem pegar uma tesoura e aos pouquinhos a gente vai ensinando como é que pega o pente, a tesoura, como passar a máquina”, explica Mackievicz.

Os “modelos” são pessoas da sociedade. Segundo o instrutor, os alunos são levados aos bairros e escolas mais distantes para prestar serviço às pessoas gratuitamente. “O pessoal de rua principalmente, o pessoal de baixa renda é o que mais vem aqui para cortar o cabelo”, afirma.

Erivelton Antunes decidiu fazer o curso depois de perder o emprego como eletrotécnico, mas o talento para cortar cabelo já vem de família. “Meu pai corta cabelo, tenho dois primos que têm barbearia na cidade e eles incentivaram a fazer o curso e eu estou gostando”, relata Antunes, que pretende montar um espaço para continuar trabalhando. “Tudo o que você vai fazer tem que gostar, se você não gosta de cortar o cabelo está no lugar errado. Mas o curso é bem dinâmico, as amizades que você faz são o que te incentivam a seguir para frente”, comenta.

Ao todo 12 cursos são oferecidos pela entidade. Cabeleireiro, manicure/pedicure, maquiagem, depilação, design de sobrancelhas, unhas decoradas, corte e costura básica, informática básica, eletricista industrial, confeitaria, panificação e salgados. Em 2018, cerca de 520 alunos estão matriculados em 29 turmas.

Toda a sociedade pode se inscrever nos cursos, mas alguns requisitos são necessários para a seleção, como estar inscrito no cadastro único, ter ensino fundamental, estar em situação de vulnerabilidade social e econômica, além de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Nana Dias é a instrutora do curso de manicure há cinco anos e comenta que tem clientes fiéis desde que começou. “Nossas clientes vêm a cada quinze dias, toda semana elas estão aqui porque a gente necessita desse público, nós temos que treinar em alguém, então elas vêm e são voluntárias”. Dias tem 37 anos de profissão e afirma ser gratificante ver os resultados. “É muito bom porque de repente você ensinar uma pessoa e ver nas redes sociais aquelas unhas mais lindas do mundo que você quem ensinou, eu fico assim cheia de razão”, completa.

Helena Roman fez as unhas pela primeira vez na SOS e diz que pretende fazer o curso no ano que vem. “Como eu gosto muito de me cuidar, estou aqui um pouco para me cuidar e um pouco para ver o trabalho que elas fazem”.

“Agora já estou começando a fazer a unha da vizinha, da tia e é um dinheirinho que ganho mesmo da família”, relata Nicole Santos. A aluna chegou no curso sem saber nada e pretende abrir um espaço para trabalhar quando receber o certificado. Santos destaca a importância da interação com a sociedade. “A professora também ensina como a gente tratar as pessoas, o convívio com a cliente. Você já sai sabendo como tratar a sua cliente”.

O Serviço de Obras Sociais foi fundado há 45 anos e recebe recursos públicos para executar os serviços através da Secretaria Municipal de Indústria Comércio e Qualificação Profissional. A assistente social Analiacir Casanova, que trabalha no SOS há 13 anos, explica que a entidade garante os direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica através da inserção ao mundo do trabalho. “[A entidade] desenvolve um trabalho de proteção social básica, porém que surte grandes efeitos/resultados para toda a sociedade como, por exemplo, pessoas capacitadas aptas para o mundo do trabalho”. Casanova comenta também que os cursos ajudam na autoestima dos alunos. “Proporciona qualidade de vida, aumento e/ou geração de renda, fortalecimento das relações sociais, comunitária e familiares, desperta as potencialidades e habilidades, redução de ocorrência de situações de vulnerabilidades e risco social entre outros”, completa a assistente social.

Fotos: Thailan de Pauli Jaros

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