Chegou ao fim a 51º edição do Festival Nacional de Teatro (FENATA). Na noite da última quinta-feira (09), quem subiu ao palco do Cine-Teatro Ópera foi o argentino Fernando Cavarozzi, que dá vida ao Palhaço Chacovachi. Na peça “Cuidado! Um palhaço mau pode arruinar a sua vida”, Chacovachi aborda temas controversos nas vivências da vida adulta e satiriza assuntos polêmicos como religião, política, amor e a morte.
A apresentação é composta por momentos de reflexões, interações com o público e a participação da Palhaço Chacovachi, interpretada por Maku Fanchulini. O espetáculo, nada convencional, conta com malabarismo, mágica e equilibrismo, que despertam o lado subjetivo e, muitas vezes, escondido na vida do público presente. Em tom ácido e irônico, Chacovachi não poupa palavras e, a partir da sua performance, faz o público rir das suas próprias experiências.
Segundo Chacovachi, desde muito jovem sempre gostou de brincar, criticar e viu na performance como palhaço a oportunidade de externalizar os seus pensamentos. “A vida me motivou a criar este espetáculo. Ele é a minha vida. Sempre gostei de provocar, criticar e mexer no vespeiro e é isso que faço como palhaço. E essa crítica, que é incômoda, faz as pessoas acordarem”, revela Chacovachi.
Os palhaços Chacovachi e Maku já participaram de espetáculos em diversos países, entre eles: Espanha, Inglaterra, Holanda, França, Marrocos, Peru, entre outros. A diferença entre os idiomas é uma das dificuldades enfrentadas por Chacovachi. “É um desafio que acontece comigo em outros idiomas também. Não falo português, inglês ou francês direito. Mas minha preocupação é que, de alguma forma, o público me entenda. Acho que é um desafio que me faz crescer”. A apresentação acontece em espanhol e, em alguns momentos, Chacovachi conta com a ajuda do público para facilitar a compreensão do idioma.
O 51º FENATA foi marcado pelo ineditismo da categoria “Palhaçaria” na programação do festival. Entre as mostras principais da edição, foram apresentadas 10 peças de Palhaçaria. As apresentações aconteceram nas ruas, nas escolas e no teatro, com o objetivo de aproximar os atores da população de Ponta Grossa.
Depois de 50 edições do FENATA, a inserção da Palhaçaria é motivo de comemoração para os palhaços da cena local. Micheli Vaz, intérprete da palhaça Tiburcia e idealizadora do grupo SOS Alegria Doutores Palhaços, destaca o poder que um palhaço tem na vida do público. “É uma arte milenar, ancestral que representa a humanidade, o fracasso, a mazela da vida humana. O palhaço não faz piada do outro, mas ele mostra as mazelas do mundo em si, para que o outro possa refletir”, explica Micheli.
Para Bruno Madalozo, que dá vida ao palhaço Madaleno e encabeça o grupo SOS Alegria Doutores Palhaços, a abertura de portas do FENATA à Palhaçaria é fundamental para dar visibilidade à categoria. “A palhaçaria, em muitos momentos, ela é colocada à margem ou então em último lugar em relação aos movimentos artísticos. E no FENATA demorou muito tempo para trazer a palhaçaria, mas agora chegou. A gente fica muito feliz de Ponta Grossa poder contemplar estes artistas da forma como foi neste FENATA”, destaca Bruno.
Antes da apresentação, a organização celebrou o sucesso da edição, evidenciou a internacionalização do festival e abriu o ciclo para a edição 52 em 2024. “Não é o 51º FENATA que está acabando, hoje é o 52º que está começando”, destaca Nelson Silva Júnior, diretor de Assuntos Culturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Além disso, foram homenageados o ator mais novo a atuar no festival, Joaquim, de 10 anos, e a atriz mais experiente a subir nos palcos, Netinha aos 96 anos.
Texto e Fotos: Laura Urbano Janiaki
Revisão: Ana Beatriz de Paiva
Supervisão: Ben-Hur Demeneck
