Esta foi o último debate da 33ª Semana de Comunicação em Jornalismo da UEPG
Jornalismo de dados foi o tema da última palestra, nesta sexta-feira, da 33ª Semana de Comunicação. O convidado, Rodrigo Menegat Schuinski, 30 anos, é formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, com especialização em jornalismo de dados pela Universidade de Columbia em Nova York. Com experiência na área e passagens por jornais como Folha de São Paulo e Estadão, Schuinski trabalha, atualmente, na empresa radiofônica alemã Deutsche Welle. De acordo com ele, jornalismo de dados é um tipo de especialização que mergulha em informações quantitativas para encontrar histórias de interesse público.
Menegat conta que preparou a palestra com conteúdos que o jornalista pode trabalhar sem possuir muitos recursos. “A ideia foi apresentar como a gente pode, num contexto difícil ou sem tempo de trabalho, fazer jornalismo de dados com o impacto que precisa e que deixa sua matéria rica de produção”. Ele acredita que a dimensão quantitativa da informação, dos fatos, faz parte da formação, então “o caminho do estudo sobre o jornalismo de dados já está bem traçado pelos alunos e com certeza pelo mercado de trabalho de Ponta Grossa”.
Para o chefe do Departamento de jornalismo da UEPG e um dos organizadores da Secom, professor Rafael Schoenherr, é cada vez mais importante a prática do jornalismo de dados na graduação. Lembra que Menegat começou a estudar o tema durante sua formação em jornalismo. Schoenherr explica que esse tipo de debate. “ajuda a quebrar esse mito de que jornalismo de dados é algo difícil e só é feito por departamentos altamente especializados. Esse tipo de jornalismo também é feito em estruturas pequenas e por profissionais em regime freelancer”.
Após narrar sua trajetória e falar das experiências profissionais, Menegat procurou tirar as dúvidas dos acadêmicos. Lincoln Vargas, aluno do quarto ano, interessa-se pelo assunto e agora consegue olhar com outros olhos a área de dados. “A palestra serviu para o pessoal do curso olhar com mais atenção a esse tipo de jornalismo. Eu nem pensava que era tão interessante assim o trabalho nessa área”.
Em 2021, Menegat foi acusado pela secretária do Ministério da Saúde, sob responsabilidade de Mayra Pinheiro, de hackear e modificar o aplicativo do órgão que dava orientações sobre o Covid, em uma cobertura sobre a pandemia. Menegat comentou o caso. “Eu li um protocolo de medicação para Covid-2019 dentro de um aplicativo e explorei o código fonte disso. Depois apenas fiz alguns comentários em redes sociais, falando que a Cloroquina não era eficaz para o tratamento da doença”. O uso do medicamento estava sendo adotado em qualquer situação, explica. “Tudo foi apurado pelo Tribunal de Contas da União e por inquéritos independentes. Portanto, foi comprovado que não hackeei o sistema e sim denunciei as contradições de um medicamento não recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e sem comprovada eficácia contra o Covid-19.”
A palestra com Rodrigo Menegat foi a última da 33ª SECOM, realizada no Auditório da Associação Brasileira de Odontologia Regional de Ponta Grossa (ABO). Maria Cecília Mascarenhas, aluna do 2º ano do curso de Jornalismo, fez parte da organização do evento e fala de dever cumprido. “Estou muito feliz em participar da organização, Acredito que foi uma semana produtiva para os acadêmicos. Aprendi muito com tudo!”. Maria conta que, apesar do trabalho extra dos acadêmicos envolvidos na organização, “tudo valeu a pena, considerando as interações de todos do curso depois de oficinas e palestras.”
Na parte da tarde, o evento contemplou duas oficinas: uma sobre o “Uso das plataformas de dados do TSE na cobertura das Eleições 2024”, com Victor Hugo Suliano Ramalho e Yago Massuqueto e outra: “Uma prática situada no olhar: produções e trajetórias de mulheres na fotografia contemporânea”, ministrada por Heloisa Nichele de Oliveira.
Texto: Diogo Laba e Lucas Veloso
Supervisão: Carlos Alberto de Souza
Fotos: Gabriel Ribeiro