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Palestra de abertura da 33ª Semana de Comunicação debate a necessidade de cobertura jornalística mais sensível e humanizada

A primeira palestra da 33ª Semana de Comunicação (SECOM), que aconteceu na hoje (17), teve como tema a “Cobertura da violência sexual de crianças e adolescentes: desafios e possibilidades”, ministrada por Lynara Ojeda, graduada em Comunicação Social e pesquisadora na área  de cobertura jornalística e direitos humanos. comunicação e enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes. A discussão permitiu que acadêmicos e professores do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) pudessem perceber como uma cobertura equivocada, muitas vezes, consequência da jornada de trabalho e rotina de produção intensa da profissão, pode gerar desinformação e causar sofrimento às vítimas.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), nos últimos três anos, mais de 164 mil crianças e adolescentes foram vítimas de estupro, 48,3% tem entre 10 e 14 anos e mais de 35% dos crimes foram contra crianças de 0 a 9 anos de idade. Dados do SUS mostram que no Brasil, em média, 38 meninas de até 14 anos se tornam mães diariamente. Os dados mostram que a violência sexual infantil é um tema que necessita de atenção, especialmente por parte da cobertura jornalística. A fala de Lynara incentivou o debate junto aos profissionais do Jornalismo sobre uma cobertura cuidadosa e ética. 

Durante toda a sua fala, pautou a importância dos direitos da criança e do adolescente, destacando o cuidado necessário ao considerá-los não como ‘mini-adultos', mas sim como crianças, que estão em diferentes estágios de desenvolvimento. Nesse sentido, é preciso refletir sobre como o jornalismo trata essas representações, principalmente nos casos de violência sexual. Esse é um tema delicado e complexo, especialmente na sociedade brasileira que, desde a colonização, foi marcada pela violência. Mesmo com os desafios técnicos e éticos, para Lynara é necessário que o jornalismo esteja alinhado sos direitos humanos, buscando sempre cuidados de abordagem e éticos, evitando a revitimização e termos estigmatizados.

A palestrante afirma que a abordagem muitas vezes acaba banalizando o tema e a percepção do público sobre ele. “O que mais banaliza é uma cobertura episódica e factual. Aquela que só se ocupa em dizer ‘o quê, quando, onde e por que’ e não complexifica o assunto.” A maioria dessas notícias só reproduz o boletim de ocorrência da polícia ou os relatórios do processo, quando vai para o sistema judicial. Para ela, é necessário ouvir a polícia e algum especialista ou, quando isso não for possível, evidenciar que aquele não é um caso isolado. 

Também debateu-se a necessidade de outros movimentos sociais abordarem a discussão da representação das crianças e adolescentes, que não possuem visibilidade e voz. A professora do Departamento de Jornalismo da Uepg e pesquisadora em estudos de gênero, Karina Janz Woitovicz , refletindo sobre o assunto, fala a respeito do reconhecimento do movimento feminista, principalmente de meninas e adolescentes como gestantes e vítimas de estupro, para a garantia do direito de aborto, reconhecido por lei. “Há uma violência do próprio Estado no reconhecimento desse direito. Em Ponta Grossa, não existe um programa de aborto legal. Se essa lacuna existe numa cidade estruturada, em cidades menores, o direito da infância e da adolescência é violado ainda mais”. Karina esclarece a importância do movimento feminista na luta pela garantia dos direitos, mas afirma que ainda há um longo caminho para avançar na compreensão de incorporar bandeiras e lutas. 

Já para os acadêmicos, a oportunidade de debater um assunto tão delicado e importante com uma  pesquisadora do tema é incentivadora. A abordagem enriquece não só a jornada acadêmica, mas também, o futuro no mercado de trabalho desses novos profissionais. Para a estudante do quarto ano Rafaela Koloda,  a palestra teve uma importância para a conclusão do curso: “O debate me ajudou a compreender caminhos que posso seguir na reta final do meu TCC. Por exemplo, a resposta dela à minha pergunta me fez enxergar o sensacionalismo das notícias sobre o tema de uma forma diferente.”

A palestra também foi relevante para os estudantes mais novos, que poderão aplicar os conhecimentos durante a graduação. “Acho que ajudou muito a abrir o meu olhar de como tratar jornalisticamente a violência sexual de crianças e adolescentes, até porque foi a primeira palestra que estive presente com esse tema e achei a abordagem dela muito necessária.” relata Emanuelle Pasqualotto, estudante do primeiro ano do curso de Jornalismo.

A palestra de Lynara Ojeda na 33ª Semana da Comunicação destacou a importância de uma abordagem jornalística ética e sensível na cobertura da violência sexual contra crianças e adolescentes. A discussão não só trouxe à tona as complexidades e desafios desse tema, mas também promoveu uma reflexão profunda sobre o papel do jornalismo na proteção dos direitos humanos e na prevenção da revitimização.

 

Texto: Annelise dos Santos e Maria Vitória Carollo

Supervisão: Carlos Alberto de Souza

Fotos: Annelise dos Santos

 

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